Rap, revolta negra e diferença racial
- Detalhes
- Categoria de topo: RCL 30 _ Pop
- Categoria: Ensaios
- Escrito por Steven Best, Douglas Kellner
A música rap emergiu como um dos géneros musicais mais singulares e controversos da década passada. Parte significativa da cultura hip hop, o rap articula as experiências e as condições de vida dos afro-americanos num espectro de situações marginais que vão da estereotipia racial e estigmatização à luta pela sobrevivência nas violentas condições do ghetto. No presente contexto cultural, o rap dá voz àqueles que não a têm, uma forma de protesto aos oprimidos, um estilo e identidade culturais alternativos aos marginalizados. O rap é então não só música para dançar e festejar, mas uma poderosa forma de identidade cultural. É um meio de informação a «sintonizar», que descreve a luta dos afro-americanos que se deparam com um crescendo de opressão, com a diminuição das oportunidades para progredir socialmente, com a instabilidade nas ruas, e que encaram a vida quotidiana como uma luta pela sobrevivência. Por sua vez, o rap tornou-se um vírus cultural, que faz circular as suas imagens, sons e atitude por toda a cultura e pelo corpo político. Interpretamos por isso o rap como a banda sonora do panorama cultural contemporâneo, algo que torna bem clara a divisão racial presente na nossa cultura, bem como os conflitos culturais baseados na raça, na sexualidade e na identidade. Ao analisar alguns significados e efeitos do rap, contextualizamos a sua ascensão e a sua popularidade no contexto das actuais guerras culturais.